ELEIÇÕES – Como fator coadjuvante do estresse nos negócios, o ambiente de tensão com as eleições presidenciais no domingo contribui para que os mercados domésticos fiquem na defensiva, dado o suspense em relação a uma decisão já no primeiro turno.
... Na reta final da campanha, Lula conseguiu estabelecer uma vantagem de 17 pontos porcentuais sobre Bolsonaro, segundo a pesquisa do Ipec (ex-Ibope), divulgada ontem à noite. Nesse levantamento, o petista tem 48% contra 31% do presidente.
... Com 52% dos votos válidos, Lula tem chances reais de liquidar a fatura agora, mas isso está gerando apreensão porque os eleitores de Bolsonaro estão convencidos de que as pesquisas não refletem a realidade e que o presidente será reeleito.
... Uma eventual vitória do candidato do PT no domingo, portanto, tende a causar reação dos apoiadores de Bolsonaro, com o risco de agressividade que já se registra hoje. Só no fim de semana, duas pessoas morreram por desavenças políticas.
... Um homem foi morto a facadas em Cascavel (CE), após declarar voto em Lula, e outro, eleitor de Bolsonaro, perdeu a vida na cidade de Rio do Sul (SC), também esfaqueado. A violência das manifestações eleitorais cresce e assusta.
... O presidente Bolsonaro reforça a tese que desqualifica as pesquisas, afirmando que tem mais de 60% dos votos e pode vencer no primeiro turno. Além disso, elevou o tom contra o TSE, ontem à noite, em entrevista ao Jornal da Record.
... Disse que a Corte o “persegue”, que tenta “atrapalhar sua candidatura”, que “há má vontade enorme” do TSE com as Forças Armadas, que “os mesmos juízes que tiraram Lula da cadeia conduzem o processo eleitoral brasileiro”.
... Bolsonaro evitou responder se aceitaria uma derrota, condicionando isso a “eleições limpas”.
... Atualizado com os dados do Ipec, o agregador de pesquisas eleitorais do Estadão Dados apontou que Lula tem 47% e Jair Bolsonaro, 33%. Considerando-se apenas os votos válidos, Lula tem 52% e Bolsonaro, 36%.
LULA – O candidato do PT terá hoje um encontro com empresários e representantes do mercado financeiro, organizado pela Esfera Brasil, entre as 18h e 20h, segundo informação da coluna de Lauro Jardim, no Globo.
... Foram convidados pesos-pesados, como Abílio Diniz (Península), André Esteves (BTG Pactual), Daniel Goldberg (Lumina), Luiz Carlos Trabuco Cappi (Bradesco), Rubens Ometto Silveira Mello (Cosan) e Rubens Menin (MRV).
NÃO ESTÁ SENDO FÁCIL – A percepção de que as economias centrais caminham para uma desaceleração provocada pelo aumento agressivo dos juros abateu novamente o mercado global nesta 2ªF.
... No foco das atenções, o BoE não fez qualquer menção a uma intervenção na libra esterlina ou aumento emergencial de juros, como esperava o mercado, dizendo apenas que avaliará o cenário em sua reunião de novembro.
... Nos EUA, os comentários dos Fed boys contribuíram para elevar os yields dos Treasuries a novas máximas, com a T-note de 2 anos alcançando 4,308% no fim do pregão (de 4,2075%, na 6ªF). A T-note de 5 anos subiu a 4,1603% (de 3,9861%).
... A T-note de 10 anos avançou a 3,881% (de 3,685%) e, o T-bond de 30 anos, a 3,7175% (de 3,6097%).
... Raphael Bostic (Atlanta) reiterou que o Fed “ainda tem um longo caminho para controlar a inflação” e que o mais importante é levá-la à meta de 2%. Ele disse que o BC americano quer evitar uma “dor profunda na economia”, mas que “não será fácil”.
... A mensagem foi reforçada por Susan Collins, que, em seu primeiro discurso como presidente do Fed Boston, afirmou que “será necessário mais aperto para colocar a inflação na meta”.
... Num discurso igualmente agressivo, Loretta Mester (Cleveland) afirmou que os juros americanos terão que ficar altos por mais tempo do que o esperado, e que o processo de levar a inflação à meta “será doloroso”.
... À Dow Jones, Paul Donovan, economista-chefe do UBS Global Wealth, apontou uma percepção que pode ser a de parte do mercado. “Minha preocupação é que há uma sensação de que o Fed vai aumentar as taxas até quebrar a economia.”
... Na zona do euro, Christine Lagarde alertou que 2023 “será um ano difícil” e previu que a inflação do bloco ficará acima da meta por um longo período. A atividade, disse, vai desacelerar “substancialmente” nos próximos trimestres.
... O discurso duro dos Fed boys e a frieza do BoE, reforçaram o apelo de porto seguro do dólar fazendo o índice DXY subir 0,80%, a 114,103 pontos. Pressionada, a libra esterlina recuou 1,45%, a US$ 1,0717, enquanto o euro cedeu 0,7%, a US$ 0,9629.
... Sob o peso das incertezas, as bolsas em NY tiveram outro dia no vermelho. O Dow Jones recuou 1,10% (29.264,50 pontos), o S&P500 cedeu 1,02% (3.655,52), nível mais baixo desde dezembro de 2020. O Nasdaq perdeu 0,60% (10.802,92).
... Para o Morgan Stanley, notório “urso” de Wall Street, a recente disparada do dólar está criando uma “situação insustentável” para ativos de risco como as ações, o que no passado levou a algum tipo de crise financeira ou econômica.
... Em relatório, o estrategista-chefe do banco, Michael Wilson, prevê o S&P 500 entre 3 mil e 3,4 mil pontos ao fim deste ano. Os resultados trimestrais, disse, vão decepcionar e isso ainda não está totalmente precificado no mercado.
Rosa Riscala e Mariana Ciscato
BDM Morning Call, [27/09/2022]
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