Crediti e surpresa na eleição dividem atenções
... Reunião da Opep+ é destaque na agenda internacional, com a possibilidade de um corte de até 2 milhões de bpd na produção, o dobro do esperado anteriormente. A expectativa tem puxado os preços do petróleo nos últimos dias. Ainda lá fora, são esperados índices de serviços na zona do euro e EUA, onde também é importante a pesquisa ADP com os empregos privados de setembro. Prévia do payroll (6aF), os dados podem reforçar ou frustrar as apostas de um Fed menos agressivo. Aqui, o IBGE divulga a produção industrial de agosto (9h), que deve mostrar recuo de 0,70% na mediana apurada pelo Broadcast, enquanto o mercado acompanha as negociações e os apoios políticos aos candidatos que disputarão o segundo turno, no dia 30. ... Revigorada pelos resultados do domingo, a campanha de Bolsonaro está dando um banho de agilidade na campanha de Lula.
... O presidente já garantiu palanques nos três maiores colégios eleitorais: no RJ, com Claudio Castro (PL), em Minas, com Romeu Zema (Novo), e em São Paulo, com o apoio de Rodrigo Garcia (PSDB), que deixou furiosos os tucanos de cabeça branca.
... Antecipando-se à decisão de seu partido, que acabou liberando filiados para o segundo turno, Garcia disse que o seu apoio a Bolsonaro é “incondicional”. Foi esnobado por Tarcísio, que disputa SP com Haddad (PT), e não o quer em seu palanque.
... Já Lula ganhou um apoio tão protocolar de Ciro Gomes, que nem o nome do candidato petista ele citou, fazendo questão de dizer em vídeo nas redes sociais que estava seguindo a decisão de seu partido, o PDT. Ciro não vai pedir votos para Lula.
... O apoio de Simone Tebet é esperado para hoje, no final do dia, depois que ela conversar com Lula. Simone sofre pressões de seu partido, o MDB, para se manter neutra, mas já antecipou no dia da eleição que “tem lado” e vai se posicionar.
... Sua vice na chapa, a senadora Mara Gabrilli (PSDB), foi ao Twitter para dizer que votará em branco, enquanto Bolsonaro podia ostentar apoios surpreendentes, como de Sérgio Moro, com quem o presidente já promete “uma nova relação”.
... Bolsonaro não está só nos apoios, trabalha em medidas que visam tirar de Lula o voto dos eleitores mais pobres, como o 13o para as mulheres que recebem o Auxílio Brasil e a decisão de incluir mais 500 mil famílias no programa ainda neste mês.
... A iniciativa para zerar a fila do benefício antes do segundo turno foi informada pela presidente da Caixa, Daniella Marques, em entrevista na qual confirmou, também, que o calendário de pagamentos será antecipado para o próximo dia 11.
... Reportagem do Estadão apurou que Bolsonaro disparou uma corrida em busca de medidas que ajudem a virar a eleição a seu favor e deu ordens aos ministros, sobretudo a Guedes, para “se virarem e darem um jeito de levar tudo adiante”.
... Nesta 3aF, Guedes foi conversar com Arthur Lira e acertou o envio de uma nova PEC ao Congresso logo após o segundo turno para viabilizar as mudanças no Auxílio Brasil. A ideia é retirar o programa social da regra do teto de gastos.
... Em paralelo, o presidente já se movimenta para reforçar suas bases de apoio. Só ontem teve duas reuniões com evangélicos, pedindo a eles para que “entrem em contato com os irmãos nordestinos” para pedir votos [que foram dados a Lula].
... Bolsonaro também se reunirá hoje com parlamentares ligados ao agronegócio para discutir o apoio da bancada ruralista.
... Enquanto aumenta a sensação de que Bolsonaro tem espaço para crescer, no PT, as coisas têm andado bem mais devagar.
... Alvo de ataques falsos que apontam o apoio de um satanista, Lula recebeu a visita de padres franciscanos, nesta 3aF, e essa foi praticamente toda a exposição que teve na mídia, entre uma reunião e outra com aliados para avaliar os apoios.
... Houve a declaração de voto de Armínio Fraga, festejada por Mercadante e Alckmin, mas o mercado ainda espera sinais mais concretos em direção a uma política econômica mais amigável, que comprove uma inclinação para o centro.
... Outros nomes do mundo financeiro evitam manifestar apoio a Lula enquanto esses pontos não ficarem mais claros.
... Ao Valor, Edmar Bacha disse que, em Bolsonaro, não vota, mas aguarda o posicionamento do PT sobre a economia. Já Affonso Celso Pastore está decidido a anular o voto e Elena Landau espera pelo pronunciamento de Simone Tebet.
... Ainda no Estadão, Lula prepara a apresentação de uma nova âncora fiscal, antes do segundo turno, para substituir o teto de gastos, em aceno ao mercado, que critica a ausência de propostas concretas e a ideia de um “cheque em branco”.
... O jornal apurou que, em linhas gerais, o PT deve propor uma regra que garanta uma trava aos gastos públicos em épocas de crescimento e liberação de recursos em períodos de recessão, com o objetivo de não estrangular os investimentos públicos.
BOICOTE ÀS PESQUISAS – Depois que as urnas desmentiram as pesquisas eleitorais, que não captaram a onda bolsonarista e o resultado mais apertado entre Lula e Bolsonaro, o governo se movimenta em um verdadeiro boicote aos institutos.
... Os ministros Ciro Nogueira e Fábio Farias chegaram a pedir aos eleitores do presidente que não respondam às pesquisas, e o ministro da Justiça, Anderson Torres, entrou com pedido de investigação na Polícia Federal sobre “prática de crime”.
... Hoje à noite, sai a primeira pesquisa do Ipec (ex-Ibope) do segundo turno para presidente da República.
OPEP – Na tentativa de irritar os EUA e ajudar a Rússia, segundo o Financial Times, a Arábia Saudita pressiona pelos cortes mais profundos na produção de petróleo, de 2 milhões de bpd ou mais na reunião do cartel hoje, em Viena.
... O tamanho do corte ainda não foi acordado e comenta-se que possa ser gradual, ao longo de vários meses.
... A redução na oferta pela Opep+ teria como justificativa a forte queda nos preços contra os picos recentes, refletindo os lockdowns na China e a tendência de contração da economia global no cenário de juro e inflação altos.
... Segundo analistas, um corte firme pela Opep+ provavelmente desencadearia reação de Washington. Mas a Casa Branca descartou ontem nova liberação das reservas estratégicas de petróleo, apesar das pressões inflacionárias.
... Ontem, além do dólar fraco, os relatos de que a Opep+ cogita o corte de 2 milhões de bpd na produção ampliaram o impulso do petróleo. O Brent/dezembro (+3,31%) retomou o nível de US$ 90 e está quase em US$ 92, a US$ 91,80.
... A Capital Economics avalia que, com a cota atual de produção do cartel e de seus aliados não está sendo cumprida, um eventual corte de só 1 milhão de bpd hoje se traduziria em impacto real ainda menor na oferta, de 350 mil bpd.
... Hoje (11h30), saem nos EUA os estoques de petróleo do DoE, com previsão de alta de 1,3 milhão de barris.
MAIS AGENDA – Ainda lá fora, o dia é movimentado hoje pelo relatório ADP (9h15), de emprego do setor privado nos EUA, que deve apontar a abertura de 200 mil vagas em setembro, acima do resultado de agosto (132 mil).
... A leitura final de setembro do PMI/S&P Global do setor de serviços sai na zona do euro (5h), Alemanha (4h55), Reino Unido (5h30) e nos EUA (10h45). O PMI/ISM de serviços nos EUA vem às 11h e tem previsão de 56,0.
... O déficit da balança comercial americana (9h) deve diminuir para US$ 67,7 bilhões em agosto. O presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic (não vota), discursa sobre combate à inflação em evento no final da tarde (17h).
... Sem horário confirmado, a primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, fala em evento do partido conservador.
... Às 10h, o FMI publica o relatório Perspectiva Econômica Mundial.
JAPÃO HOJE – O PMI/S&P Global do setor de serviços avançou de 49,5 em agosto para 52,2 em setembro.
AQUI – Além da produção industrial, saem os dados fechados de setembro do fluxo cambial, às 14h30.
PARADA ESTRATÉGICA – Até o início da tarde, os mercados domésticos ainda tentavam esticar o rali eleitoral da 2aF, mas na segunda metade do pregão acabou vindo a acomodação racional dos negócios aos exageros de euforia.
... Liquidado o ajuste positivo à surpresa nas urnas, o investidor aguarda agora novas indicações, sobretudo da campanha do PT, de que medidas mais radicais na política econômica estariam descartadas em eventual governo Lula.
... Já com relação a Bolsonaro, preocupam os avanços de novos gastos contratados, se for ele o eleito, como o 13o às mulheres que recebem o Auxílio Brasil, com custo estimado de R$ 10 bilhões, na mais nova armadilha fiscal.
... O Ibovespa, mesmo vindo de uma alta acumulada de quase 8% nos dois últimos pregões, chegou a investir ontem até a faixa dos 118 mil pontos na máxima (118.280), antes de viver momentos de instabilidade no meio da tarde.
... Chegou a virar ligeiramente para o negativo (-0,26%), mas fechou estável (+0,08%), a 116.230,12 pontos, desta vez descolado do forte otimismo em NY. O giro de R$ 35 bi foi menor do que o da véspera, mas ainda acima da média.
... Aas estatais precipitaram uma correção, depois de terem brilhado no pregão anterior com o entusiasmo em torno da agenda privatista. Segunda pior queda do dia no Ibov, BB ON (-5,38%) realizou parte do salto da véspera (+7,63%).
... Petrobras corrigiu só parcialmente a escalada em torno de 8% do day after da eleição. PN cedeu 2,52%, a R$ 31,37, e ON recuou 1,97%, a R$ 35,30, com as perdas limitadas por mais um dia de altas expressivas do preço do petróleo.
... Qualquer movimento mais intenso de correção de lucros no Ibovespa ontem foi amortecido pela Vale, que manteve o fôlego (+2,42%, a R$ 75,79), nesta semana em que a China, fechada para a Golden Week, não oferece perigo.
... Em Cingapura, o minério subiu 1,30% e beneficiou a continuidade da onda compradora também nos papéis de CSN Mineração (+5,43%), CSN (+4,91%, a R$ 13,90), Usiminas (+2,33%); Metalúrgica Gerdau (+2,04%) e Gerdau (+1,43%).
... Os bancos privados resistiram a devolver a arrancada próxima de 6% na “Super 2aF”. Itaú teve leve alta de 0,17% (R$ 29,80), Bradesco PN ficou estável (-0,05%, a R$ 21,18), Bradesco ON, -0,52% (R$ 17,29) e Santander unit, +0,63%.
DUROS NA QUEDA – Dá para dizer que o real e os juros futuros deram demonstrações renovadas de otimismo, fechando próximos da estabilidade, apesar das pressões por uma correção natural depois da festa do 1o turno.
... Mesmo depois do maior tombo em cinco anos da última 2aF, de 4%, o dólar à vista conseguiu fechar em leve queda de 0,11%, a R$ 5,1680, tendo tocado na faixa de R$ 5,11 na mínima intraday (R$ 5,1123). Na máxima, foi a R$ 5,2220.
... No câmbio futuro, o dólar/novembro também não quis largar o osso e subiu muito pouco, só 0,10% (R$ 5,2070).
... É verdade que a forte queda da moeda americana em escala global, diante da reviravolta das apostas no Fed (que pode ficar menos agressivo) reduziu o espaço de alta. Mas o real segue devendo uma realização mais firme.
... O BTG Pactual acredita que o dólar voltará a subir no curto prazo, pressionado pela política monetária nos EUA.
... Em relatório, o banco diz que a composição do Congresso levou a divisa americana a operar novamente abaixo de R$ 5,20, mas os "vetores globais sugerem que os próximos meses podem contar com surpresas negativas para o real".
... A continuidade da alta do juro americano, avalia, deve enfraquecer a moeda brasileira nos próximos meses.
... Ao Broadcast Político, a economista-chefe do Credit Suisse no Brasil, Solange Srour, cobrou uma âncora fiscal crível no próximo governo e a realização das reformas tributária e administrativa em 2023 para o dólar não bater R$ 6.
... Na curva do DI, após a tentativa de dar continuidade à devolução dos prêmios pela manhã, houve recomposição no período da tarde. Segundo traders, o petróleo e o leilão maior de NTN-B do Tesouro chegaram a pressionar as taxas.
... Mas, após os ajustes, os contratos fecharam projetando níveis próximos da véspera, resistindo a assumir altas.
... Jan/23 ficou em 13,678% (de 13,679%), jan/24, 12,735% (de 12,722%), jan/25, 11,460% (11,461%), jan/27, 11,245% (11,293%), jan/29, 11,380% (11,439%); jan/30, máxima de 11,510% (contra 11,479%); e jan/31, 11,470% (11,539%).
O TETO É MAIS EMBAIXO? - Dados mais fracos de emprego nos EUA em agosto corroboraram a tese de que o pico do movimento de aperto monetário pelo Fed já pode ter sido atingido e que o ciclo de alta será menos intenso nos EUA.
... Esta percepção tende a ser reforçada se o payroll da 6aF confirmar a aposta de moderação do mercado de trabalho.
... Ontem, a dirigente do Fed Mary Daly disse que os EUA precisam criar 100 mil postos de trabalho ou menos para o emprego se alinhar à meta de inflação de 2%. "Hoje, temos criado, em média, 300 mil, bem acima do que precisamos."
... A mediana das apostas para o payroll de setembro é de 275 mil vagas nos EUA, contra 315 mil em agosto.
... Mas o mercado se animou com o relatório Jolts, por mais que seja considerado um dado de segunda linha. Segundo o indicador, houve declínio de 1,1 milhão postos em emprego em agosto, pior número desde abril de 2020.
... O resultado mais fraco foi lido pela ótica de que as pressões salariais serão menores para a inflação.
... Ainda ontem, as encomendas à indústria americana ficaram estáveis em agosto e, na Austrália, o BC surpreendeu e elevou o juro em 25 pontos, na metade da dose esperada, sugerindo que outros BCs também possam suavizar o ritmo.
... Ainda a decisão do governo do Reino Unido de voltar atrás nos cortes de impostos propostos para os mais ricos contribuiu para a sensação do investidor de que a pior fase do ciclo de aperto monetário global já teria passado.
... Nos EUA, o que se comenta é que a perda de fôlego da economia pode levar o Fed, em algum momento, a baixar o tom contra a inflação e corrigir as expectativas de aperto no juro precificadas até o início do ano que vem.
... Não é esse ainda, porém, o discurso oficial do Fed. Philip Jefferson disse que estabilizar a inflação pode levar “algum tempo de crescimento econômico abaixo da tendência” e reforçou o compromisso com mais ações contra os preços.
... Mesmo assim, os juros dos Treasuries caíram e as bolsas em NY subiram mais, antecipando o Fed menos agressivo. O yield da Note de 2 anos recuou para 4,092%, de 4,125% na véspera, e o de 10 anos foi a 3,627%, de 3,654%.
... O índice Dow Jones fechou em alta firme de 2,80%, aos 30.316,98 pontos, o S&P 500 subiu 3,06%, aos 3.791,05 pontos, e o Nasdaq avançou 3,34%, aos 11.176,41 pontos, tendo as ações do Twitter como estrelas do dia.
... Elon Musk protocolou carta na SEC, agora reafirmando sua proposta inicial de compra da empresa, que já havia sido aceita em abril, mas da qual o CEO da Tesla chegou a desistir, em uma novela que arrasta uma disputa entre as partes.
... O papel do Twitter teve a negociação suspensa ontem duas vezes e as negociações foram retomadas na reta final do pregão, terminando em alta de 22,24%, em US$ 52,00, pouco abaixo da proposta de US$ 54,20 por ação de Musk.
... No câmbio, a perspectiva de moderação do Fed, combinada às fortes altas do euro (+1,62%, US$ 0,9989) e da libra (+1,37%, a US$ 1,1476), com a resistência ao pacote fiscal de Liz Truss, derrubaram o DXY (-1,50%) a 110,065 pontos.
... Lagarde (BCE) destacou que a "inflação está elevada em nível indesejável e que é difícil dizer se ela atingiu o pico".
... Um dos membros mais influentes do conselho do BCE, François Villeroy de Galhau reafirmou o mandato de garantir estabilidade dos preços. “Devemos e vamos reduzir a inflação para 2% nos próximos dois ou três anos", avisou.
EM TEMPO... Aneel autorizou início da operação comercial pela CEMIG das Unidades Geradoras I e II da PCH Poço Fundo desde, respectivamente, 29/9 e 1o/10; previsão inicial era 1o de janeiro de 2023.
EQUATORIAL. CEEE-D fará 1a emissão de notas comerciais estruturais no valor de R$ 400 milhões.
ALUPAR. Sharp Capital alcançou participação acionária de 5,15% na companhia, com 14,5 milhões de units; último formulário de referência da empresa, divulgado em 4 de agosto, não especificava a participação da gestora.
ENAUTA. Produção total de óleo e gás atingiu 311,4 mil barris de óleo equivalente (boe) em setembro ante 321,9 mil boe em agosto, queda de 3,3%; produção média diária no período foi de 10,4 mil boe.
BTG PACTUAL prepara oferta de R$ 500 milhões em certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) e deve usar os recursos para o pagamento de aluguéis.
CCR. Capital International Investors (CII) reduziu participação no capital social da companhia de 5,7% para 4,7%, para 95,9 milhões de papéis ON.
CYRELA. Asa Asset Gestão em Investimentos, representando o fundo Cingucap, reduziu participação no capital social da companhia de 5,08% para 4,89%, para 8,477 milhões de ações.
PDG REALTY. Fundo VKR reduziu a participação acionária na companhia de 39,77% para 34,82%, para 19,5 milhões de papéis ON.
TOTVS. GIC Private Limited (GIC) passou a deter, de forma agregada, 6,089% do capital social da empresa, totalizando 37.582.739 de ações ON.
AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS! *com a colaboração da equipe do BDM Online
Rosa Riscala e Mariana Ciscato
BDM Morning Call, [29/09/2022]
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