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Os Juros e a Criptonita do Mercado

Vamos a mais uma semana e tenho algumas coisas bem interessantes para compartilhar aqui com vocês nesse nosso encontro semanal.

A criptonita do mercado


Já comentei aqui algumas vezes que o ano de 2022 tem sido um ano distinto. E o que faz o ano peculiar é que existe uma criptonita do mercado. Pra quem não sabe, a criptonita era um mineral fictício que teria a capacidade de enfraquecer o Superman. Pois bem, no mercado, os juros têm exercido esse efeito de enfraquecimento. Nessa semana em especial novos recordes foram atingidos nos yields dos títulos de 2 e 10 anos do governo americano – uso-os aqui apenas como exemplo de um título com vencimento relativamente curto e outro longo. Os títulos de 10 anos atingiram um patamar não visto em 14 anos (2008) e o de 2 anos a máxima de 4.60%, vista a última vez somente em 2007. Os gráficos abaixo (dados semanais) mostram a escalada dos yields nos últimos 2 anos.

Past performance may not be indicative of future results.


Past performance may not be indicative of future results.

Reflexo da aposta do mercado de que a taxa de juros terminal – ou a taxa na qual o FED poderia vir a fazer uma pausa nos aumentos na taxa dos FED Funds – esteja mais próxima de 5% e não os anteriores 4%. O gráfico abaixo mostra isso:

Não há garantia de que essas opiniões ou previsões aqui fornecidas se provarão corretas.

Atualmente, a taxa básica (Fed Funds Rate) se encontra num intervalo entre 3% e 3.25%. As apostas são de um aumento de 75 basis na reunião do dia 2 de novembro para 3.75% a 4% (fonte) e, como mostra a imagem abaixo, as apostas de aumento de 75 basis de juros também em dezembro se elevaram de uma semana para cá.

Não há garantia de que essas opiniões ou previsões aqui fornecidas se provarão corretas.

Não deu trégua

Mas, diferente da visão maniqueísta das histórias em quadrinho, os yields dos títulos sobem não pela “maldade” de um outrem ou por serem vilões implacáveis. Nada disso. Não tem alguém querendo estragar sua carteira e seus investimentos, apesar de, por vezes, acharmos que tem...rs.

Na verdade, esse movimento é, a meu ver, uma resposta à resiliência/teimosia da inflação, a qual foi reforçada no dado do CPI divulgado dia 13 de outubro. Veja que o componente de serviços da inflação segue apertado.

Nas reminisciências da minha infância, na década de 1980, lembro de assistir várias vezes as versões 1, 2 e 3 protagonizadas por Christopher Reeve na Sessão da Tarde da TV Globo. Assim como Superman fez sucesso nessa década, vemos a volta da inflação em nível global e em especial aqui nos EUA, algo bem retrô e anos 80. De fato, uma inflacão que preocupa pois você ainda não vê nenhum tipo de arrefecimento em alguns componentes dessa inflação de serviços, o qual eu compartilho abaixo – inflação de aluguéis, serviços médicos e alimentação fora de casa.



Dado isso, penso que o mercado pode ter feito a seguinte interpretação: para vencer a inflação, precisa-se usar mais e mais “criptonita”. Quanto mais tempo a inflação fica no “sistema” econômico, mais difícil pode se tornar se livrar dela, e como resultado maior tenderia a ser o juro terminal adotado pelo FED.

Por que criptonita?

A escalada dos juros, a criptonita atual, cobra seus impactos em diferentes classes de ativos:

· Nas ações, além de elevar a taxa de desconto do cálculo de valor presente dos dividendos ou fluxos de caixa futuros; encarece o crédito e acesso ao dinheiro, tão necessário para expansão de capacidades, vendas de produtos de maior valor agregado e acessados via crédito; e ainda tende a reduzir a atividade econômica em nível agregado. Logo, a criptonita dos juros pode afetar o mercado de diferentes formas e em todas com o mesmo efeito: enfraquecendo-o.

· Nos bonds, gera o efeito da marcação a mercado dos preços dos títulos. Lembre-se: em renda fixa, a “renda” é “FIXA” (me refiro ao pagamento de coupons e juros da dívida), já os preços dos ativos flutuam ao sabor das expecativas de mercado quanto aos juros, afinal, se eu tenho um título que paga um yield de 4% e a taxa de mercado sobe para 5%, esse meu título tende a se tornar menos atrativo, não é mesmo?

· No ouro*. Diversos fatores influenciam na precificação do metal – oferta e demanda, produção, aversão a risco, entre outros. Entre esses outros possíveis fatores, acredita-se (fonte) que o aumento das taxas de juros tende a tornar o investimento em renda fixa mais atrativo com o dinheiro podendo fluir para títulos que remunerem o investidor pelo simples carrego desse investimento (yield dos títulos); ; ao passo que o metal não gera renda e o investidor obtém retorno somente através da valorização do preços da onça troy, o ouro se tornaria menos atrativo relativamente. Vale aqui a ressalva que essa é apenas uma interpretação/leitura a respeito da fraca performance do ouro nesse ano.

· Nas commodities**, a elevação de juros tem gerado impacto e tem como resultante a valorização do dólar em contexto global. Como as commodities são cotadas em dólar, elas tornam as commodities mais caras em Euro, Libra, Peso, etc. Diversos são os fatores que influenciam nos preços das commodities – aquecimento da economia, oferta e demanda, capacidade de produção, etc. Mas considerando que elas podem ficar mais caras em diferentes moedas locais (efeito da valorização do dólar), seria razoável supor uma possivel redução na demanda e consequentemente um impacto negativo sobre os preços.

Ou seja, parece não haver um “superativo” capaz proteger sua carteira e resistir à força dessa arma que pode enfraquecer o mercado.

E quando vamos nos livrar da criptonita?

Essa é a grande questão do mercado a qual, de forma menos lúdica, pode ser traduzida como: quando o FED irá “pivotar” na sua estratégia de elevar juros? Não há como saber, mas de acordo com o Bank of America, esses seriam possíveis “candidatos”, fatores que poderiam levar a uma mudança de postura do FED.

Acompanhando a economia americana e seus dados, sigo acreditando que é uma questão de tempo até que a desaceleração vista se traduza em arrefecimento dessas pressões inflacionárias e a flexibilização de um mercado de trabalho que segue apertado por hora – conforme comentei no post “Just a Little Patience”.


A questão é que, até isso acontecer, com a economia desacelerando e os juros em alta, pode aumentar a probabilidade de que os EUA entrem em recessão, vide as notícias que saíram essa semana:


E isso, obviamente, vem sendo colocado nos preços dos ativos.

Nem todos os super-heróis vestem capa

Mas preciso ser honesto com vocês: não sou muito dado à ficção. Tenho dificuldade com filmes de super-heróis e ficção científica. Pode ser falta de imaginação da minha parte, apesar de assistir várias vezes os diferentes filmes do Superman, ou Spiderman, ou ainda o Batman, meus heróis de infância eram mais “reais”. Lembro de vibrar e brincar com bonecos dos Comandos em Ação (GI Joe, quem lembra?), do Rambo e por aí vai. Basicamente, combatentes do exército americano que certamente não passariam em nenhum teste de modelos para as crianças de atualmente.

Enfim, fato é que os verdadeiros super-heróis não vestem capas nem sunga vermelha (nada contra quem gosta). E, da mesma forma, penso que não existe um “superativo” no mercado capaz de “salvar” sua carteira de todo e qualquer cenário. Existe sim paciência e eventuais adequações de portfólio para atravessar diferentes momentos. Nesse sentido, vou comentar aqui alternativas para ajudar você montar um portfólio global:

· Fundos de investimentos. Para você que não tem tempo, energia, conhecimento, tem receios, ou mesmo para você que busca uma diversificação através de uma gestão profissional, cabe mencionar que a Avenue possui cerca de 600 fundos de investimentos de gestoras internacionais renomadas. Se quiser mais informações, clique aqui.

· Bonds. Se você tem receio do que pode vir a acontecer, de um cenário macro que parece ser nebuloso, ou mesmo para aproveitar os atuais yields, os bonds podem ser uma alternativa de carrego por 12, 24, ou mais meses até o cenário se “acalmar”, os bonds podem ser uma alternativa. Mais informações aqui.

· Ações. E, obviamente, oriundo do mercado de ações, onde sempre foquei minha carreira e meus estudos, sou enviesado a ver o momento como uma possível oportunidade para o investimento em ações. Sim, muitos riscos e incertezas, mas por isso mesmo interessante. Afinal, existe algo chamado prêmio de risco que é reservado somente àqueles que tomam risco. Nesse sentido, não posso ser leviano, pois poderia me tornar um vilão ao enganar o leitor. Então, a verdade é que, havendo recessão, sim, a história nos mostra que o S&P 500 poderia sofrer ou cair ainda mais – atualmente (até o dia 20/10/22) o índice acumula 24% de queda no ano. Abaixo, uma tabela que compila o desempenho do índice em diferentes momentos, com ou sem recessão:

Tenha em mente que as pessoas físicas não podem investir diretamente em qualquer índice. O desempenho passado pode não ser indicativo de resultados futuros.

E outra coisa que o passado nos ensina é que as mínimas do índice foram percebidas durante recessões – vide gráfico abaixo, onde a área hachurada em cinza representa momentos de recessão nos EUA.

Tenha em mente que as pessoas físicas não podem investir diretamente em qualquer índice. O desempenho passado pode não ser indicativo de resultados futuros.

Sim, existem riscos, mas como comentei 2 semanas atrás (“Nobody Said It Was Easy”), penso que há espaço para um refresco – entenda-se uma correção no mercado de ações e bonds. Isso é apenas uma percepção de alguém que acompanha o mercado há algum tempo. Como catalisador potencial para isso no curto prazo, vejo a safra de balanços que se intensifica essa semana. Até aqui, do que vimos de resultados, tivemos mais surpresas positivas do que negativas. Vamos ver como avança.

Uma semana intensa à frente?

Algo que pode eventualmente ser trigger para isso são os resultados. Abaixo você encontra o calendário dos resultados a serem divulgados na próxima semana. É possível ver que essa é uma semana intensa em termos divulgação de balanços.


E se você gostar, te convido a compartilhar esse conteúdo nas redes sociais e marcar a Avenue e a mim - @avenue.us e @willcastroalves nas redes sociais.

Lembrando que o conteúdo desse artigo também consta no podcast GoGlobal.

Era isso pessoal...

Aquele abraço!

William Castro Alves

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*O ouro está sujeito aos riscos especiais associados ao investimento em metais preciosos, incluindo, mas não se limitando a: o preço pode estar sujeito a ampla flutuação; o mercado é relativamente limitado; as fontes estão concentradas em países que têm potencial de instabilidade; e o mercado não é regulamentado.

** Investir em commodities é geralmente considerado especulativo devido ao potencial significativo de perda de investimentos. Seus mercados provavelmente serão voláteis e pode haver flutuações acentuadas de preços mesmo durante períodos em que os preços em geral estão subindo.


A Avenue Securities LLC é membro da FINRA e da SIPC. Oferta de serviços intermediada por Avenue Securities DTVM. Veja todos os avisos importantes sobre investimento: https://avenue.us/termos/.

Investir envolve risco e você pode incorrer em lucro ou perda, independentemente da estratégia selecionada. O desempenho passado pode não ser indicativo de resultados futuros. O investimento internacional envolve riscos especiais, incluindo flutuações cambiais, diferentes padrões contábeis financeiros e possível volatilidade política e econômica. Não há garantia de que essas opiniões ou previsões aqui fornecidas se provarão corretas.

Os preços dos títulos e os rendimentos estão sujeitos a alterações com base nas condições de mercado e disponibilidade. Se os títulos forem vendidos antes do vencimento, você poderá receber mais ou menos do que o seu investimento inicial. Há uma relação inversa entre os movimentos das taxas de juros e os preços da renda fixa. Geralmente, quando as taxas de juros sobem, os preços dos rendimentos fixos caem e quando as taxas de juros caem, os preços da renda fixa sobem.

Todo tipo de investimento, incluindo fundos, envolve risco. Risco refere-se à possibilidade de que você perderá dinheiro (tanto principal quanto qualquer ganho) ou não consiga ganhar dinheiro com um investimento. A mudança das condições do mercado pode criar flutuações no valor de um investimento em fundos. Além disso, existem taxas e despesas associadas ao investimento em fundos que geralmente não ocorrem na compra de títulos individuais diretamente.

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