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Temporada de resultados - EXPERT XP

A temporada de resultados do terceiro trimestre de 2022 (3T22) se iniciou no dia 13 de outubro de 2022, e os mercados vão avaliar os impactos da inflação global em alta, a economia brasileira resiliente e riscos crescentes de uma recessão nos balanços das empresas brasileiras.

Apesar dos riscos crescentes globais, o índice Ibovespa subiu 11,7% durante o terceiro trimestre deste ano em Reais. E o dólar, por sua vez, continuou o movimento de apreciação em relação a maioria das moedas globais, inclusive o Real que se desvalorizou -2,9% ao longo do trimestre passado. Ainda assim, o Ibovespa registrou uma alta significativa de 7,2% em dólares, enquanto o índice americano S&P 500 caiu -5,3% do S&P 500 e os mercados globais, medido pelo índice MSCI ACWI corrigiu -7,3%.



Forte crescimento de receita e lucros esperados para o 3o tri no Brasil

Em relação ao mesmo período de 2021, o mercado espera um crescimento do Lucro por Ação (LPA) das empresas do Ibovespa em 19%, provavelmente explicado pela recuperação no cenário doméstico e a maior capacidade de repasse da inflação aos consumidores. Já em relação ao Lucro Operacional (EBITDA) das empresas, o mercado espera +25% de crescimento. E para a receita, o consenso também espera sólido crescimento de +23%. Por fim, em relação ao trimestre anterior, o mercado espera certa estabilidade em receita e EBITDA.

Fonte: Bloomberg, XP Research.


Durante essa temporada de balanços, investidores irão analisar os impactos da inflação e das disrupções nas cadeias de suprimentos globais, e se as empresas estão conseguindo repassar custos maiores adiante. Para exportadores de commodities, preços menores desses materiais durante o terceiro trimestre podem ter um impacto negativo, que pode ser parcialmente compensado pelo dólar mais forte.

Dentre as empresas que cobrimos na XP, esperamos que os seguintes setores sejam destaques:

  1. Bancos sob a nossa cobertura devem apresentar resultados sólidos, se beneficiando do robusto crescimento do crédito, expansão das receitas de tarifas, e menor consumo de índice de cobertura;

  2. Varejo alimentar, com destaque para o Atacarejo, com forte SSS (same store sales ou vendas nas mesmas lojas) e crescimento de receita;

  3. Varejistas de alta renda, que vem surpreendendo mesmo frente ao cenário macro desafiador;

  4. Papel e Celulose, beneficiado pelos preços resilientes da celulose durante o trimestre;

  5. Shoppings, que devem continuar mostrando uma forte recuperação, especialmente para carteiras dominantes com maior exposição no segmento de alto padrão como Iguatemi e Multiplan;

  6. Telecom, com TIM e Vivo apresentando um trimestre sólido com a consolidação do mercado com a aquisição da Oi Móvel.

Estimativas de lucros futuras foram revisadas levemente pra baixo

Com riscos maiores de uma recessão econômica nas principais economias do mundo, as projeções de Lucro por Ação para os próximos 12 meses, 2023 e 2024 caíram levemente durante o trimestre. Ao longo do período, as projeções de lucros foram revisados para baixo entre 0,2%-1,8%.

Fonte: Bloomberg, XP Research.


Agenda ESG

Nesta temporada de resultados, esperamos que as empresas continuem destacando a importância da agenda ESG (Ambiental, Social e Governança) e evoluindo na divulgação de dados relacionados a esse tema por meio de seus relatórios e teleconferências de resultados, principalmente frente à demanda cada vez mais exigente dos investidores para que as empresas adotem e tomem iniciativas no que tange a agenda ESG.

Em 2022, vimos um crescente interesse pela temática, tanto por parte dos investidores quanto das empresas. À medida que nos aproximamos do final do ano, esperamos que essa tendência persista e acelere ainda mais, pressionando as companhias por uma divulgação de dados ESG mais transparente. Em relação às empresas que ainda não possuem relatórios de sustentabilidade, vemos esta temporada de resultados como uma boa oportunidade para responder à demanda do mercado via a divulgação de dados relevantes e atualizações sobre a agenda ESG, mostrando as evoluções do ano e o que esperar adiante.


O que esperar para cada um dos setores

Agronegócio: Açúcar e Álcool

Com o término da safra de cana-de-açúcar em algumas regiões, juntamente com os recentes aumentos nos preços do petróleo e com perspectiva de curto prazo distorcida para cima, os preços do etanol começaram a apresentar uma recuperação há muito esperada; no entanto, as preocupações com as mudanças tributárias permanecem como uma sombra para o setor. O Brasil deve colher entre 530-540 milhões de toneladas de cana-de-açúcar nesta temporada, insuficiente para sustentar uma visão baixista sobre os preços das commodities. Ainda assim, como os preços do etanol permanecem abaixo da paridade do açúcar, as indústrias estão trabalhando no máximo de açúcar (max sugar), pressionando a referência Sugar #11 da ICE. O que ajudou a sustentar o nível atual acima de 18c é a perspectiva de altos preços de energia na UE afetando sua produção de açúcar de beterraba.

Com o início da entressafra da cana-de-açúcar, os preços devem subir até março/23, um resultado fundamental para permitir que as indústrias vendam seus estoques de etanol, alguns em níveis mais elevados do que o normal, mas uma mudança bem-vinda é a crescente participação das exportações de etanol. Esse cenário misto e que só melhora nos últimos tempos deve impactar os resultados das empresas de A&A no 3T.


Agronegócio: Grãos

O setor de grãos, a nosso ver, já está em recessão. Suponha que essa perspectiva se confirme e um crescimento mais lento se traduza em importações menores. Nesse caso, os preços futuros ainda podem parecer atraentes para os agricultores, especialmente para o Brasil, já que a taxa de câmbio aumenta sua rentabilidade, enquanto os custos de insumos deram espaço para aumentos de margem nos últimos meses. No entanto, nosso cenário base é que, sem recessão, o stock-to-use da maioria das commodities continua crítico, e o único país que pode entregar uma safra completa deve ser o Brasil. Ainda assim, o clima permanece e deve continuar sendo o risco mais considerável em todo o mundo, pressionando os rendimentos e impactando negativamente a qualidade da safra.

Devemos destacar nossa percepção de que é difícil ver o Brasil não correlacionado com as perspectivas econômicas globais, porém, com (i) clima favorável, (ii) acesso razoável a insumos e custos estruturalmente menores, (iii) uma recuperação esperada para a indústria de rações , (iv) uma demanda de alimentos resiliente na China e (v) uma moeda desvalorizada (BRL vs. USD), continuamos otimistas com o setor agrícola brasileiro.


Alimentos

Apesar do Auxilio Brasil (auxílio do governo) e das eleições, que historicamente são um fator positivo para a demanda por alimentos, estamos projetando volumes não animadores devido ao cenário macro desafiador. No entanto, prevemos que as empresas ainda aumentem os preços para compensar os custos mais altos. Apesar da acomodação dos preços das commodities, entendemos que devido à estratégia de hedge da empresa e ao cenário macro desafiador mencionado anteriormente, as margens das empresas ainda serão afetadas negativamente no 3T.


Bancos & Instituições Financeiras

Vemos um trimestre positivo para os bancos incumbentes no 3T22, impulsionado principalmente por: i) crescimento robusto do crédito; ii) ligeiro aumento da inadimplência; iii) expansão das receitas de tarifas; e iv) menor consumo de índice de cobertura. Do lado negativo, o segmento de mercado de capitais continua pressionado por volumes de negociação mais baixos e atividade de ECM mais suave. Dito isso, esperamos que a margem financeira bruta continue expandindo, em grande parte devido ao ritmo robusto de concessão de crédito e à elevação das taxas de juros. As receitas de tarifas devem continuar se beneficiando da retomada gradual da atividade econômica, com destaque para a retomada no segmento de adquirência. Por fim, esperamos que o principal ponto de atenção sejam os índices de inadimplência, principalmente para pessoas físicas, em meio ao atual ambiente macro desafiador.


Bebidas

De acordo com dados públicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de bebidas alcoólicas aumentou 5% A/A e 2% A/A em julho e agosto, respectivamente, enquanto a produção de bebidas não alcoólicas aumentou 20% A/A e 16% A/A no mesmo período. Quando aplicamos a sazonalidade histórica aos dados mencionados, esperamos que a produção de bebidas alcoólicas diminua 4% A/A em setembro, mas levando a um crescimento de 1% A/A no trimestre, enquanto projetamos que a produção de bebidas não alcoólicas aumente 15% em setembro, levando a um sólido crescimento de 17% no trimestre.

Além disso, a inflação da cerveja no domicílio atingiu 3,49%, enquanto a da cerveja fora do domicílio atingiu 3,22%. Adicionalmente, a inflação de não alcoólicos no domicílio atingiu 1,23% no trimestre, enquanto a de não alcoólicos fora do domicílio atingiu 1,8% no trimestre. Embora os preços e os volumes estejam em alta, acreditamos que essa recente alta dos preços das commodities ainda afetará negativamente as margens dos setores.


Bens de Capital

Esperamos resultados mistos no 3T22 no setor Industrial, com destaque positivo para a Marcopolo, beneficiada pela recuperação do desempenho da produção de ônibus rodoviários (com implicações positivas na rentabilidade). Por outro lado, vemos um ambiente de custos pressionado para a Iochpe-Maxion (acentuado pela crise de energia na Europa) posicionando a empresa como destaque negativo do setor no 3T22. Para a WEG , esperamos que as receitas sigam as tendências positivas observadas nos últimos trimestres e apoiadas pela desvalorização do BRL vs. 2T22, com uma ligeira melhora na margem EBITDA vs. trimestres anteriores (EBITDA +17% A/A e +6% T/T). Para a Embraer, esperamos que o 3T22 reforce que as entregas devam ser mais concentradas no 4T deste ano, enquanto ainda vemos o guidance de 60-70 unidades da empresa para as entregas da divisão comercial este ano como alcançável. Para a Aeris, embora esperemos que o EBITDA aumente vs. o ano passado, continuamos a ver o 4T como o ponto de inflexão em termos de melhoria operacional. Por fim, embora a Randon deva manter seu bom momento de receita, esperamos que a rentabilidade permaneça em níveis mais fracos (ligeiramente melhorando em relação ao 2T22).


Construtoras

Do lado das construtoras de baixa renda, continuamos vendo resiliência na demanda no segmento no terceiro trimestre de 2022, devido a uma combinação positiva de (i) incorporação das atualizações do CVA, aumentando o poder de compra dos mutuários e melhorando a rentabilidade das empresas; (ii) capacidade de financiamento robusta do FGTS; e (iii) sinais de arrefecimento da inflação de custos.

Dessa forma, vemos cenário misto para o 3T22, com as construtoras que já operavam com rentabilidade (Cury e Direcional) conseguindo acelerar o volume de vendas líquidas, mantendo uma rentabilidade saudável, possivelmente mantendo crescimento de receita líquida e margens brutas saudáveis. Por outro lado, vemos os nomes mais negativamente impactados com a dinâmica de custos reduzindo o volume de lançamentos e vendas líquidas para recuperar margens, reduzindo os níveis de receita líquida e margem bruta, buscando aumentar a margem a apropriar, aumentando a rentabilidade no médio prazo.

Continuamos com uma visão neutra para as construtoras de média e alta renda no 3T22, dado o ambiente de juros desafiador e dificuldade de repasse de preços, o que deve afetar a margem bruta. Além disso, vemos uma volatilidade maior na demanda, dado cenário eleitoral e a copa do mundo, o que deve aumentar a incerteza e reduzir o volume de lançamentos no 2S22. Por fim, vemos um movimento de vendas de estoque mais intenso no segmento de média e alta renda, o que é positivo devido à diminuição do carrego de projetos das companhias, porém implica em descontos maiores, o que pode ter efeitos na margem bruta das companhias.


Educação

Esperamos que as empresas de educação continuem se recuperando gradualmente, embora em um ritmo mais lento do que o esperado, refletindo tanto em crescimento quanto margens.


Elétricas e Saneamento

Sob a ótica de resultados operacionais esperamos pouca volatilidade. Distribuidoras e transmissoras de energia, não devem apresentar surpresas em relação a comparação anual. Geradoras vivem um bom momento com a alta dos reservatórios e incremento da geração hídrica. Por outro lado, a alta pluviosidade na região Nordeste reduziu a incidência de ventos, afetando a geração eólica dos parques da região. O mesmo motivo influenciou os resultados das térmicas, que foram menos despachadas no período. Esperamos, no entanto, que cias com alta concentração de hidrelétricas apresentem resultados ainda impactados negativamente pelo hedge de energia a feito em 2021. Saneamento deve postar resultados com baixa variação frente ao trimestre anterior.


Frigoríficos

Esperamos resultados mistos para os frigoríficos brasileiros devido à sua diversificação geográfica e de proteínas. Para Carne Bovina no Brasil, projetamos margens aumentando devido a preços resilientes, principalmente no mercado de exportação, aliados a custos mais baixos em função do aumento do abate e, portanto, da oferta de gado. Para a carne bovina dos EUA, esperamos que a compressão das margens continue no trimestre como resultado da acomodação dos preços e devido à crescente restrição de oferta de gado no país, o que está aumentando significativamente os custos para os frigoríficos e, consequentemente, afetando negativamente as margens.

Vemos uma tempestade perfeita em torno da indústria avícola. A crise Rússia/Ucrânia aliada à gripe aviária no Hemisfério Norte limitou a oferta de aves no mundo, sustentando os preços mais altos da proteína. Além disso, os consumidores estão trocando a carne bovina por carne de frango, após preços mais altos e uma inflação persistente que prejudica o poder de compra dos consumidores. Além disso, parte da indústria enfrentou problemas de eclodibilidade que afetaram negativamente a produção avícola. A perspectiva mencionada acima, juntamente com a queda nos preços das commodities e, portanto, custos mais baixos, representarão um aumento nas margens dos frigoríficos brasileiros expostos a aves, tanto no Brasil quanto nos EUA, em nossa visão.

Como a carne suína continua sendo a terceira opção para o consumidor brasileiro, o setor segue cada vez mais voltado para a exportação, o que aumenta sua dependência da China. No entanto, os preços da carne bovina e de aves estão subindo no mercado interno, levando o consumidor a aumentar o consumo de carne suína, e vemos a China novamente em um ponto de virada para sua produção de suínos com preços em alta, o que deve levar a um aumento nas importações, seja o curto ou médio prazo.


Mineração e Siderurgia

Minério de Ferro e Aço: O 3T22 deve apresentar resultados mais fracos quando comparado ao trimestre anterior devido aos menores preços das commodities (minério de ferro com queda de 24% no trimestre e vergalhões com queda de 19% no trimestre), porém, dado as melhorias sazonais na produção compensadas pela inflação de custos. Ainda esperamos discussões sobre o setor chines de infraestrutura e imobiliário, impactando a demanda por minério de ferro e aço, e temores de recessão econômica na Europa e nos EUA. Das empresas de M&M sob nossa cobertura, o Ebitda deve cair dois dígitos trimestralmente.

Alumínio e ouro: Apesar dos altos preços de energia e baixos estoques de alumínio, os bloqueios chineses e as preocupações com a recessão econômica derrubaram os preços do alumínio durante o 3T22 (-19% no trimestre). Para a CBA, esperamos resultados mais fracos devido aos menores preços do alumínio e maiores custos caixa. Para os produtores de ouro, as preocupações com a recessão e os bancos centrais comprometidos em reduzir a inflação resultaram em preços mais baixos do ouro neste trimestre (-8% no trimestre). No entanto, a melhora de produção para Aura (base QoQ) deve impactar positivamente os resultados da empresa.


Papel e Celulose

O setor deve apresentar bons resultados neste trimestre. Os preços da celulose permaneceram resilientes durante o 3T (média China BHKP em US$ 862/t, +7% QoQ), principalmente devido a restrições de oferta, gargalos logísticos e inflação de custos. Para papel e embalagens, esperamos preços e volumes resilientes e custos caixa mais baixos. A demanda de celulose e papel e a dinâmica de custos devem ser o tema principal das Teleconferências. Além disso, as preocupações com a queda dos preços da celulose continuam impactando o posicionamento dos investidores no setor. Destacamos: (i) posicionamento leve no setor, (ii) múltiplos de entrada baixos e (iii) ações já estão precificando em alta correção de preços de P&P, o que em nossa visão confere uma desvantagem limitada para as empresas brasileiras de P&P sob nossa cobertura.

Para os próximos trimestres, os investidores estão preocupados com: (i) medo de recessão na Europa e EUA, (ii) preocupações com bloqueios na China impactando a demanda por metais e P&P, (iii) desaceleração econômica global no 4T22 e 2023. Em resumo, 3T22 os resultados devem ser fortes para P&P e fracos para M&M sob nossa cobertura.


Petróleo e Gás

Ainda observamos narrativas mistas impulsionando os preços das commodities no 3T22: temores de uma recessão global, bloqueios na China e vendas de SPR dos EUA por um lado, juntamente com a preocupação com a escassez de derivados e a incerteza sobre o fornecimento de petróleo bruto no médio prazo, por outro lado. Para este trimestre, prevaleceu a narrativa negativa, resultando em uma redução geral do preço do brent (média do 3T22 em 97,7 US$/bbl, -12,6% QoQ), parcialmente compensada pela depreciação do real (média do 3T22 em R$ 511/bbl vs. R$ 550 média 2T22, -7,5% QoQ). No entanto, continuamos confiantes de que esses preços poderão proporcionar mais um trimestre de bons resultados para as empresas sob nossa cobertura. Adicionalmente, pensamos que os temas de atenção dos investidores incidirão nas particularidades/desafios específicos de cada empresa, como o andamento das aquisições e a evolução dos planos de redesenvolvimento dos campos, para as empresas Jrs.


Saúde

Temos visões diferentes para empresas de indústria farmacêutica. Esperamos que a Hypera continue apresentando crescimento pelos meios orgânico e inorgânico, enquanto mantém margem EBITDA estável. Em relação à Blau, acreditamos que a concorrência do mercado de imunoglobulina possa pressionar a receita por mais um trimestre.

Quanto às prestadoras de serviços de saúde, esperamos: (i) que as taxas de utilização continuem voltando a níveis normalizados, o que deve ser positivo para os hospitais e laboratórios, mas pode ser negativo para as operadoras; (ii) o aumento de ticket médio dos planos de saúde com recentes reajustes de preços (tanto para as operadoras quanto para os prestadores); (iii) processos de integração de aquisições avançando e melhorando as margens.


Shoppings e Propriedades Comerciais

Do lado dos shoppings esperamos continuar vendo uma forte recuperação do setor no terceiro trimestre de 2022, especialmente para portfólios dominantes e com maior exposição no segmento de alto padrão (Iguatemi e Multiplan), o que já pode ser visto nas primeiras prévias de vendas do trimestre. Dito isso, esperamos ver uma continuação da tendência de crescimento dos números operacionais e financeiros, dada (i) redução progressiva dos descontos; (ii) fluxo de veículos se recuperando significativamente em relação aos níveis de 2019; (iii) inadimplência líquida e custos de ocupação sob controle, apesar do aumento significativo da receita de aluguel, o que leva a um risco potencial de revisão para alta das estimativas de consenso.


Tecnologia

Acreditamos que o melhor desempenho neste trimestre em crescimento de receita será a TOTVS. Mesmo em um cenário mais volátil, a TOTVS foi impactada positivamente pela geração de caixa e resiliência dos negócios (principalmente no segmento de gestão). Ainda do lado positivo, esperamos que Positivo, Locaweb e Intelbras reportem bons resultados. Por outro lado, o destaque negativo vai para a Allied, dado o impacto negativo no segmento de distribuição. Para Zenvia e Bemobi esperamos resultados predominantemente neutros no trimestre.


Telecom

Temos uma visão positiva para as big telcos, TIM e Vivo devem apresentar mais um trimestre de resultados sólidos refletindo um cenário competitivo mais racional em meio à consolidação do mercado com a aquisição da Oi Móvel. Ambas as empresas estão conseguindo fazer aumentos de preços mantendo o churn sob controle. Vale destacar também a redução da alíquota do ICMS, que caiu em média 10 pontos percentuais a partir de agosto. As empresas estão migrando sistemas para aplicar descontos aos consumidores nos planos pós-pagos e não terão impacto nos resultados, porém, no pré-pago as empresas mantiveram o preço mínimo de recarga e deram mais gigas de dados aos clientes. Portanto, o saldo líquido no pré-pago é positivo e o impacto da menor alíquota de ICMS mais do que compensa o menor nível de recarga devido à maior franquia de dados.

Em relação aos ISPs sob nossa cobertura (BRIT3, FIQE3 e DESK3), destacamos um cenário macroeconômico ainda desafiador, além de uma competição mais acirrada, que impactaram negativamente as adições líquidas. A Brisanet deve ser o destaque positivo do trimestre impulsionado principalmente pela expansão de margem EBITDA. Por outro lado, os números operacionais da Anatel para julho e agosto já foram divulgados e a Unifique reportou um fraco ritmo de adições líquidas orgânicas.


Transportes

Em Transportes, destacamos: (i) um forte trimestre operacional para a Rumo e a Hidrovias do Brasil conforme as exportações de grãos enfrentam fortes perspectivas de volume no 2S22, com dinâmica positiva de yield principalmente para a Rumo devido aos custos de logística relativos favoráveis; (ii) resultados mistos para as empresas de aluguel de carros com (a) a Localiza provavelmente reportando resultados neutros (em grande parte poluídos pelo primeiro trimestre reportado após a fusão com a Unidas), e (b) esperamos que a Movida mostre resultados mais fracos à medida que o segmento de Seminovos normaliza seus resultados para margens mais baixas; e (iii) resultados continuamente fortes no aluguel de caminhões com a Vamos (nossa top-pick) reportando resultados otimistas mais uma vez (forte crescimento com preços sustentados em níveis elevados).


Varejo

No geral, esperamos que o 3T seja um trimestre de resultados fracos para o setor, diante da renda disponível ainda pressionada, desafios relacionados ao clima e uma base de comparação mais normalizada. O destaque positivo devem ser as varejistas de alta renda, enquanto as varejistas alimentares e farmácias devem permanecer como as mais resilientes, apesar do crescimento orgânico desacelerar T/T. Quanto aos destaques negativos, o e-commerce deve permanecer com o crescimento de receita pressionado, enquanto as varejistas de moda de média-baixa renda devem ser impactadas pelo clima, cenário macro e níveis de inadimplência elevados.

Analisando os diferentes segmentos, esperamos resultados mistos para os nomes de consumo discricionário, com destaque novamente pata as varejistas de alta renda, apesar de algumas já começarem a reportar desaceleração do crescimento por conta da base de comparação normalizada. Quanto as varejistas de média-baixa renda, esperamos um crescimento de receita pressionado pela antecipação da demanda de inverno no 2T, pela primavera atrasada e pelo impacto do cenário macro em outras categorias (casa e decoração e fashiontronics), enquanto as margens devem cair por conta da menor alavancagem operacional. Por fim, continuamos a ver um cenário desafiador para a Petz e Natura&Co, apesar de uma melhora vs. o 2T.

Para o varejo alimentar, esperamos sólido crescimento de receita, apesar de uma desaceleração do indicador de vendas mesmas lojas (SSS) por conta da deflação. Esperamos que o atacarejo continue sendo o destaque, com forte SSS e crescimento de receita, enquanto as operações de varejo devem reportar uma melhora de SSS diante de uma base mais normalizada. Quanto a rentabilidade, esperamos uma pressão de margem por conta da forte expansão (atacarejo) e um cenário macro desafiador (varejo).

No e-commerce, crescimento pressionado e queima de caixa continuam. Esperamos que o varejo físico continue a se recuperar, enquanto o online (principalmente 1P) deve continuar desacelerando por conta do cenário macro, base de comparação difícil e normalização do mix de canais. Não esperamos recuperações de margem significativas, dado que o baixo crescimento limita a alavancagem operacional, contribuindo para a continuidade dos prejuízos e queima de caixa.

Por fim, as farmácias devem continuar reportando resultados sólidos, mas em desaceleração, diante da forte sazonalidade do 2T por conta do reajuste de preços. Quanto a rentabilidade, enxergamos margens estáveis ou ligeiramente melhores, por conta da alavancagem operacional e ganhos de eficiência, que são parcialmente compensados por investimentos estratégicos.


O relatório será atualizado semanalmente, com as prévias das empresas.



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